Os estudos de história, tanto no ensino
fundamental como no ensino médio, possuem uma má fama de serem chatas,
cansativas, aulas que trazem sono e, até mesmo, que não trazem sentido estudarem
coisas antigas.
Algo preocupante para o desenvolvimento do sujeito aluno como um ser social.
Algo preocupante para o desenvolvimento do sujeito aluno como um ser social.
Essa fama não é injusta. Durante décadas o
ensino de História se manteve fechada quase exclusivamente aos textos. A quebra
nesse padrão está no uso de outros materiais que antes não eram vistos como
didáticos. Materiais como: imagens, filmes, séries, romances, poemas, música,
jogos eletrônicos, quadrinhos, etc. Existem variedades de possibilidades de
utilizar materiais, que não são leituras diretas dos conteúdos históricos, que
têm conteúdo histórico. Os atuais livros didáticos possuem imagens, mapas,
indicações de filmes. É um avanço importante na metodologia de ensino de
História que chama a atenção do aluno e o faz aprender.
Mas ainda temos o problema da não
exploração desses materiais. Os filmes indicados em muitos livros didáticos são
apresentados apenas indicações. Dificilmente há exploração desse tipo de
material que é rico em interpretação histórica. Os filmes têm potencial de
prender a atenção dos alunos e transmitir mensagens de cunhos histórico e
crítica social como no caso de Bastardos Inglórios (2009) e Django Livre (2012)
do diretor Quentin Tarantino (1963). O importante não é assistir e compreender
a crítica desses filmes, mas, através do(a) professor(a), conduzir as alunos na
compreensão da construção daquela narrativa, separando a construção ficcional
da construção de representação histórica, dialogando com os conteúdos
planejados para o período letivo.
Em uma linha temporal crescente, podemos utilizar os
filmes A Guerra do fogo (1982) e 10.000 a.C. (2008) que constroem narrativas
das civilizações pré-históricas. Guerra do Fogo é constantemente passada nas
salas de aula dos ensinos fundamenteis e médios, mas sem nenhuma exploração
pelos(as) professores(as).
Na Grécia antiga temos 300 (2006), Tróia (2004), e
Alexandre (2004). Embora 300 ainda seja uma adaptação de quadrinhos, existe
potencial de exploração.
No Império Romano temos o famoso Gladiador (2000), um
clássico denso marcante. Asterix e Obelix (1999), um filme de aventura e
comédia que é certeza prender a atenção das crianças, dando a oportunidade
do(a) educador(a) dar seu conteúdo. E clássicos como Spartacus (1960) e
Calígula (1979).
Na Idade Média e Feudalismo podem ser explorados O
Nome da Rosa (1986), um clássico sobre os monges franciscanos e dominicanos. Cruzada
(2005), ganhador do Prêmio Cinema Europeu. Coração Valente (1995) de Mel
Gibson, ator e diretor que produz seus filmes com essa tendência histórica. Joana
D’Arc (1999), O Sétimo Selo (1957) e O Incrível Exército de Brancaleone (1966).
Nas grandes navegações os filmes 1492 A Conquista do
Paraíso (1992) e Cristóvão Colombo A Aventura do Descobrimento (1992) são os
únicos que tratam desse período.
Sobre o Absolutismo e Reforma Protestante os filmes O
Homem da Máscara de Ferro (1998), Cromwell (1970) e Lutero (2003) dão uma boa
oportunidade de aproveitamento histórico.
Na Revolução Francesa temos Danton (1983), Maria
Antonieta (2006), embora exista outro filme Maria Antonieta de 1938, Ridicule
(1996), filme francês que mostra as injustiças sociais da época e, é claro, La
Révolution Française (1989) relatando a história completa.
Sobre a escravidão: 12 Anos de Escravidão (2013), Django
Livre (2012), Amistad (1997), Sou
Escrava (2010), Lincoln (2012) e Quilombo (1984), esse em especial por se
tratar de produção brasileira.
Segunda Guerra Mundial os conteúdos dos filmes são
mais abrangentes. São várias representações e construções ficcionais em cima
desse cenário histórico. O Grande Ditador (1940) um clássico do adorado Charles
Chaplin. O Império do Sol (1987), Pearl Harbor (2001), um filme extenso, mas
cativante. Tradicionalmente hollywoodiano. A Queda (2004), Bastardos Inglórios
(2009), O Resgate do Soldado Ryan (1998), O Pianista (2002), A Lista de
Schindler (1993) e Dunkirk (2017).
Na Guerra Fria temos os filmes Boa Noite e Boa Sorte
(1950), Intriga Internacional (1959), O Dia Seguinte (1983) e Os 13 dias que
Abalaram o Mundo (2000).
O Último Rei da Escócia (2006), Diamante de Sangue
(2006), Hotel Ruanda (2004) são os filmes sobre a África no século XX.
Finalmente chegamos no século XXI e o terrorismo e
guerras são as temáticas dos filmes Guerra ao Terror (2008), Restrepo (2010) e
Sniper Americano (2014).
A produção cinematográfica estimula a curiosidade e
prende a atenção dos alunos. Estimula o processo de aprendizagem e de pesquisa.
Claro que isso se deve com auxílio do(a) educador(a). Os filmes proporcionam
experiências únicas para quem assiste. A experiência do cinema é ainda mais
potencializada, principalmente para alunos de escolas de interiores que não
possui o recurso audiovisual. Uma aula de campo no cinema seria, sem dúvida, um
momento histórico na vida dos estudantes.
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