Dentro do contexto
historiográfico em que constantemente nos deparamos com a nouvelle histoire, na qual há uma valorização de
diversidade de fontes, e que entre tais fontes as de caráter visual ganham
força, nos dispomos aqui em avaliar uma dessas fontes: a iconografia
cartográfica.
Para fins de delimitação,
avaliaremos especificamente sobre tal iconografia no estudo de História da
Baixa Idade Média e a Expansão Marítima. Entender como a compreensão histórica
desse período pode ser obtida, com elaboração de problemáticas, é aqui um de
nossos objetivos. Dessa forma, trataremos em selecionar exemplos cartográficos
de forma categórica, sob a seguinte lógica: mapas
e religião; mapas e cultura; mapas e ciência; mapas e o imaginário.
Como já apontara Sartre, vivemos
em uma civilização da imagem, e sendo a ciência histórica aquela que se
encarrega em estudar atores sociais, em específicos lugares e em uma dada
temporalidade, cabe ao historiador pensar meios de avaliar aquilo que nossa
atual sociedade mais produz e consome: imagens.
Dessa forma, seguimos a lógica
das imagens como fonte histórica, que é corroborada por Kalina Silva e Maciel
Silva, ao apontarem que “fonte histórica é mais do que o documento oficial: que
os mitos, a fala, o cinema, a literatura, tudo isso, como produtos humanos,
torna-se fonte para o conhecimento da história” (SILVA; SILVA, 2009, p. 158).
O
historiador Pierre Nora observa que, a partir dos anos 70 do século XX, o texto
visual, principalmente a fotografia, passa a fazer parte da escrita da
história. O autor salienta que o alargamento da história, propiciado pela
“nouvelle histoire”, influencia a valorização do arquivo visual (CANABARRO,
2005, p. 27).
Tendo esse cenário
historiográfico em mente, nos fica evidente o estudo de tipos específicos de
imagens para assuntos históricos também específicos, o que vai de acordo com a
nossa já salientada proposta, e a iconografia, que diz respeito a analise das
imagens enquanto representação visual, é a abordagem que melhor se adequa ao
nosso intento.
A cartografia se referente não só
aos procedimentos técnicos para elaboração de cartas geográficas, mas também
sobre a descrição das mesmas. Dessa forma, o nosso objetivo perpassa aqui um
processo de afinamento da fonte: imagem → iconografia → carta náutica.
Estabelecido isso, nos cabe aqui
explicar o contexto histórico a qual nos debruçamos. O medievo é
tradicionalmente divido em dois períodos, alta
idade média e baixa idade média.
O primeiro se caracteriza como o estabelecimento de elementos chaves que
caracterizam o medievo como um todo, ou seja, a constituição do feudalismo (bem
com suas relações sociais), as relações comerciais de troca, a extrema
proximidade entre Estado e Igreja, uma sociedade estamental, etc.
A baixa idade média é o período
que muitos desses elementos entram em declínio. Podemos destacar como grandes
elementos a constituição de grandes cidades, amplas redes de comércio,
desenvolvimento técnico da agricultura, aumento populacional e o crescimento da
economia monetária. Assim, estamos lidando com um período de grandes mudanças,
tido por alguns historiadores, como um momento de transição para a Idade
Moderna, cujo um dos principais marcos é a própria expansão marítima. Entender
como essas modificações acabaram sendo representadas na produção cartográfica é
o que avaliaremos.
CANABARRO, I. S.. Fotografia, história e cultura fotográfica:aproximações. Estudos Ibero-Americanos, Porto Alegre, v. XXXI, p. 23-39, 2005.
SILVA,
Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos.
2ª ed, 2 reimpressão, São Paulo, Contexto, 2009.
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